Se tudo o que somos e temos pertence a Deus, então devemos viver como bons mordomos, administrando bem o que é do Senhor. O Dicionário Aurélio define “mordomo” como sendo “o serviçal encarregado da administração duma casa”. É alguém que cuida do que não é seu. Jesus usou o conceito de mordomia, aplicando-o a nós:
“Disse o Senhor: Quem é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o
senhor confiará os seus conservos para dar-lhes o sustento a seu tempo?
Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor, quando vier, achar fazendo
assim. Verdadeiramente vos digo que lhe confiará todos os seus bens. Mas se
aquele servo disser consigo mesmo: Meu senhor tarda em vir, e passar a espancar
os criados e as criadas, a comer, a beber, e a embriagar-se, virá o senhor
daquele servo em dia que não o espera, e em hora que não sabe, e castigá-lo-á,
lançando-lhe a sorte com os infiéis.” (Lucas 12.42-46)
PRATICANDO A BOA MORDOMIA
Embora nesta parábola Jesus
estivesse se referindo principalmente a coisas espirituais, Ele não deixou de
incluir o aspecto natural e financeiro, uma vez que os nossos bens também são
d’Ele. Prestaremos contas do que fizermos com o que Ele nos deu. A nossa vida,
família, casa, e bens são do Senhor, e devemos administrar tudo isto como algo
que Ele nos confiou.
Uma parte do nosso dinheiro volta
a Deus na forma de contribuições, mas o restante não deixa de pertencer d’Ele e
deve ser usado da maneira correta, bem administrado. Este é um princípio que
deve ser entendido e vivido, antes mesmo da contribuição, que é só um pequeno
aspecto da mordomia. Ao lermos a Parábola dos Talentos (Mt 25.14-30),
encontramos este conceito de mordomia, que se aplica a todas as áreas das
nossas vidas, inclusive a financeira.
Honrar ao Senhor com os nossos
bens inclui a boa mordomia. Deus nos confia o que é d’Ele e ainda nos dá a
liberdade de usufruirmos o que nos foi confiado:
“E, chamando dez servos seus, deu-lhes dez minas e disse-lhes:
Negociai até que eu venha.” (Lucas 19.13)
No entanto, o fato de Ele nos
deixar a escolha e a decisão do que faremos com o que Ele nos concede não
significa que não haja uma forma correta de administrarmos o que é d’Ele.
O QUE DEUS ESPERA DE SEUS MORDOMOS?
O ensino de Jesus reflete
princípios claros. Ele mostrou que Ele esperava a fidelidade da parte dos Seus
mordomos:
“Quem é fiel no mínimo também é fiel no muito; quem é injusto no
mínimo também é injusto no muito.” (Lucas 16.10)
Observe que Jesus não Se refere
apenas à honestidade, mas também à fidelidade. Isto significa que o bom mordomo
não é só o que não rouba ou lesa o seu senhor, mas também o que se mantém no
propósito que lhe foi confiado. É mais do que lealdade e confiança! É dedicação
ao que foi combinado! Deus espera mais de nós do que simplesmente boa vontade e
sinceridade! Ele espera que sigamos as instruções que Ele nos deu e o propósito
revelado em Sua Palavra!
“Que os homens nos considerem
como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus. Além disso,
requer-se nos despenseiros que cada um se ache fiel.” (1 Coríntios 4.2)
A única forma de sermos fiéis ao
Senhor como mordomos é entendendo o que Ele espera de nós, e isto está
registrado em Sua Palavra. A mordomia não envolve somente a administração
correta dos nossos bens, mas também dos dons e ministérios que o Senhor confiou
a cada um de nós:
“Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons
despenseiros da multiforme graça de Deus.” (1 Pedro 4.10)
Porém, a nossa relação com o
nosso dinheiro e bens materiais é um excelente termômetro da atitude do nosso
coração com relação à mordomia de forma geral.
A PRESTAÇÃO DE CONTAS
Cristo também nos ensinou que a
mordomia é um cuidado temporário do que pertence a uma outra pessoa e que o
verdadeiro dono exigirá uma prestação de contas da administração depois.
“E dizia também aos seus discípulos: Havia um certo homem rico, o
qual tinha um mordomo; e este foi acusado perante ele de dissipar os seus bens.
E ele, chamando-o, disse-lhe: Que é isso que ouço de ti? Presta contas da tua
mordomia, porque já não poderás ser mais meu mordomo.” (Lucas 16.1,2)
Temos exemplos bíblicos de uma
boa mordomia sendo louvada e também de uma má mordomia sendo punida. Ninguém
pode fugir da prestação de contas. Vemos isto nos exemplos que Jesus deu na
Parábola das Dez Minas e na Parábola dos Talentos:
“E aconteceu que, voltando ele, depois de ter tomado o reino, disse
que lhe chamassem aqueles servos a quem tinha dado o dinheiro, para saber o que
cada um tinha ganhado, negociando.” (Lucas 19.15)
“E, muito tempo depois, veio o senhor daqueles servos e ajustou
contas com eles.” (Mateus 25.19)
Esta é uma ênfase encontrada em
toda a Bíblia. Na Carta aos Hebreus, fica evidente que a prestação de contas é
para todos, e que nada passará despercebido aos olhos de Deus:
“E não há criatura que não seja
manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e
patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas.” (Hebreus 4.13)
SEGUNDO A CAPACIDADE DE CADA UM
Alguns ficam com medo da
prestação de contas, como se não fossem capazes de lidar com o que Deus lhes
confiou, mas há um princípio inquestionável na mordomia instituída por Deus:
Ele, em Sua sabedoria e justiça, nunca pedirá a ninguém para fazer alguma coisa
que não consiga fazer.
Ele nunca trata conosco da mesma
maneira com que Ele trata com outros, como que lidando por atacado. Ele conhece
as nossas limitações e também a nossa capacidade. Ele sabe que não somos iguais
uns aos outros e que uma soma de fatores coloca a cada um de nós em posições
bem diferentes diante d’Ele.
“Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da
terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens, e a um deu cinco
talentos, e a outro, dois, e a outro, um, a cada um segundo a sua capacidade, e
ausentou-se logo para longe.” (Mateus 25.14,15)
O conselho divino dado a Faraó,
por uma palavra de sabedoria pela boca de José, foi que era necessário alguém
capaz, para assumir a mordomia da colheita dos sete anos de prosperidade que
estavam por vir:
“Portanto, Faraó se proveja agora de um varão inteligente e sábio e
o ponha sobre a terra do Egito.” (Gênesis 41.33)
De modo semelhante, Deus, que
inspirou esta palavra dada por José, escolhe pessoas de capacidade para darem
conta do que Ele lhes confiará. Primeiramente, Deus nos dá a capacidade, e
depois Ele nos confia algo. Mesmo assim, Ele jamais nos deixa entregues à nossa
própria capacidade, mas Ele mesmo Se incumbe de nos capacitar ainda mais para
podermos fazer a Sua obra. Paulo falou disto, escrevendo aos irmãos da Igreja
de Corinto:
“E é por Cristo que temos tal confiança em Deus; não que sejamos
capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa
capacidade vem de Deus, o qual nos fez também capazes de ser ministros dum Novo
Testamento, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata, e o Espírito
vivifica.” (2 Coríntios 3.4-6)
Estas palavras não retratam
alguém com uma consciência de capacidade própria, mas justamente o contrário!
Precisamos entender que, no que diz respeito a nossos bens e recursos
materiais, Deus também nos dará a capacitação para correspondermos ao Seu
propósito. Mas isto não cairá do Céu, como uma fruta madura cai de uma árvore.
É preciso buscarmos isto de Deus. Este é o conselho que recebemos de Tiago:
“E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a
todos dá liberalmente e não o lança em rosto; e ser-lhe-á dada.” (Tiago 1.5)
Assim como devemos buscar a
sabedoria do alto mediante a oração e a fé, assim também devemos buscar o
entendimento bíblico mediante o estudo e a meditação. Desta forma, alcançaremos
uma boa mordomia!
(Extraído do livro “Uma Questão
de Honra”, de Luciano Subirá)
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