“Sabedoria é o conhecimento que enxerga o coração
das coisas, que as conhece como elas realmente são.” (J. Armitage Robinson)
Todos nós
almejamos viver em paz. Sonhamos com um lar equilibrado e feliz, com uma igreja
semelhante à de Atos 4, com uma equipe de trabalho harmoniosa, etc. Na prática
sabemos que tudo dependerá das nossas próprias atitudes e daquelas das demais
pessoas envolvidas. Atitudes como as de Nabal funcionam como inimigos internos,
que são capazes de destruir relacionamentos, fazendo as pessoas abrirem mão dos
seus sonhos, produzindo amargura e graves feridas emocionais.[1]“Gente gosta de
gente, vê e quer ser visto, fala e quer escutar, escuta e quer falar, enfim,
somos gregários (que vive em bando) e daí a extrema e fundamental importância
dos relacionamentos”.
Um olhar detalhado na postura deste homem poderá nos levar a evitar repetir atos semelhantes e ainda poderá produzir em nós melhorias que influenciarão as pessoas que convivem conosco.
Um olhar detalhado na postura deste homem poderá nos levar a evitar repetir atos semelhantes e ainda poderá produzir em nós melhorias que influenciarão as pessoas que convivem conosco.
QUEM FOI
NABAL
Nabal (Insensato,
sem juízo) era um descendente de Calebe, que vivia em Maon por volta de
1000 a.C. Era muito rico, possuía grandes rebanhos de ovelhas (3.000) e de
cabras (1.000) no Carmelo. Sua mulher, Abigail, era sensata e formosa. Nabal
era um homem de difícil convivência, maligno em suas ações, inacessível,
descontrolado e tolo. Cometeu a insensatez de destratar Davi e recusar-se a dar
assistência a ele com seus homens. Só não foi atacado e morto devido à sábia
intervenção de Abigail, que ao tomar conhecimento das intenções de Davi foi ao
seu encontro fazendo-o mudar de ideia.
Nabal
morreu de forma melancólica. Após saber do risco que havia corrido, sofreu um
mal súbito (talvez um infarto ou derrame) que o deixou por dez dias como uma
pedra (talvez em coma). Só então faleceu. Nabal tornou-se um triste exemplo
para todos nós. Seus atos servem de lição que jamais deverão ser repetidas.
Vejamos
algumas características de Nabal que se repetidas poderão impedir a construção
de relacionamentos saudáveis:
1) Nabal
era duro (v. 3) – Pessoas duras também são consideradas
azedas, ásperas, grosseiras, severas, brutas, nervosas, etc. Com elas as coisas
se resolvem no grito, com agressividade. Produzem principalmente o medo e a
revolta nas pessoas do seu convívio. Salomão sabiamente afirmou: [1]“Não
te apresses no teu espírito a irar-te, porque a ira abriga-se no seio dos
tolos”. Quem facilmente se ira fará doidices.
2) Nabal
agia com maldade (3b) – Como
pessoas que geralmente vivem de má vontade contra os outros. Salomão definiu o
homem mau com as seguintes palavras: [2]“Ele anda com a perversidade na
boca (...) perversidade há no seu coração; todo o tempo maquina o mal; anda
semeando contenda”.
3) Nabal
era ingrato (v. 11 e 21) –
Um pessoa que não reconhecia os benefícios recebidos. A ingratidão
produz uma dor insuportável no coração. Como é ruim conviver com alguém que não
reconhece seus esforços. Gente que “cospe no prato que come”.
4) Nabal
era incomunicável (v.17) –
Ele era intratável, insociável. Abigail teve que sair e não pôde falar com o
marido (v. 19). O empregado foi falar com ela porque com Nabal, o patrão,
ninguém podia falar (v.14 e 17).
5) Nabal
era um insensato (v.36) –
Ele, sua esposa e seus bens estavam ameaçados e mesmo
assim ele agiu com irresponsabilidade e insensatez ao organizar uma festa, sem
a presença da esposa, quando ingeriu uma grande quantidade de bebida levando-o
à embriaguez. Como é difícil conviver com pessoas que não conseguem enxergar as
reais necessidades a sua volta. Pessoas que vivem “no mundo da lua” quando
deveriam encarar os fatos e trabalhar duro para mudar as tristes realidades que
estão a sua volta.
O pastor
Isaltino Gomes Coelho Filho afirmou: [3] “O que torna uma família
equilibrada é a presença de pessoas que sabem manter relacionamento
equilibrado”. Este é um conceito que podemos aplicar em todos os
relacionamentos.
Na
convivência com pessoas como Nabal, o caminho mais fácil é descartá-las. A
justificativa é que elas são tomadas pela chamada síndrome de Gabriela: “Eu
nasci assim, vou viver assim e vou morrer assim”. Só que nós, que cremos no
poder de Deus, não podemos esquecer que o nosso Senhor é especialista em
mudar corações. Conhecemos inúmeras pessoas que tiveram suas ações
transformadas pelo poder de Deus. Devemos orar e agir para que as pessoas que
fazem parte dos nossos relacionamentos também sejam transformadas.
Se
você sofre da síndrome de Nabal ou convive com alguém que se identifica com
seus atos na prática do dia a dia, o melhor remédio será uma identificação
imediata com o exemplo de Abigail. Seus métodos poderão nos ajudar no desafio
de desenvolver relacionamentos saudáveis.
1)
Abigail resolveu agir (v. 18) – O
que você precisa fazer para restaurar um relacionamento abalado? Quais as
atitudes que você deve tomar para resgatar a harmonia do seu lar? Abigail saiu
do seu conforto e foi até a presença de Davi em busca de paz. Ela não perdeu
tempo tentando influenciar Nabal. Ela sabia que sua felicidade dependeria de uma
ação imediata, de um contato com Davi.
2)
Abigail agiu com inteligência (v. 19b e 23) – o silêncio naquele momento foi uma questão de sobrevivência. A
sua posição de humildade perante Davi foi uma porta aberta para a resolução do
conflito. Ela não foi à presença de Davi para fazer acusações. Ela levou
donativos (v.18), fez o necessário para restaurar a paz.
3)
Abigail foi responsável (v. 24) - Ela
não ficou em casa esperando a morte. Também não utilizou de acusações e
intrigas. Preferiu assumir responsabilidades e tentar resolver pessoalmente o
conflito. Agiu antes que fosse tarde demais.
4)
Abigail foi usada por Deus (v. 26 e 32) – O próprio Davi reconheceu que Deus havia enviado Abigail. Ela
foi um instrumento usado para impedir que uma tragédia acontecesse, destruindo
a sua família e manchando a reputação de Davi.
5)
Abigail agiu com bom senso (v. 33,36,37) – Ela soube apreciar os fatos. Agiu no tempo certo e esperou o
melhor momento para conversar com Nabal. Seu marido era um tolo, mas ela não
permitiu que sua tolice a contaminasse. Abigail viu seu esposo
morrer de forma tão trágica. Mas por ter sido uma pessoa tão especial atraiu a
atenção de Davi. Ela se tornou sua mulher (v. 40-42).
PARA
PENSAR E AGIR
Precisamos
atentar para a forma como nos relacionamos com as pessoas que estão a nossa
volta. Somos responsáveis por aquilo que construímos nos corações das pessoas.
O exemplo de Nabal deve nos levar a uma boa reflexão. As pessoas que convivem
conosco conseguem dialogar, expor suas ideias com liberdade? Elas têm a
liberdade de falar e se necessário até discordar de nossas opiniões sobre os
mais variados assuntos? São ouvidas com respeito?
Muitas
vezes queremos enxergar a vida apenas do nosso jeito. Não consideramos as boas
ações que as pessoas que estão ao nosso redor estão praticando em nosso favor.
Isolamo-nos. Nabal errou ao negligenciar o pedido de Davi. Ele agiu com ignorância
e se não fosse Abigail pagaria com a vida por tamanha tolice.
Nabal é o extremo que
infelizmente tem se repetido em muitas comunidades e lares. A maneira mais
eficaz de reverter este triste quadro é a busca diária para evidenciarmos o
fruto do Espírito (Gl 5). Precisamos permitir que o Espírito Santo nos convença
dos nossos equívocos para que possamos construir relacionamentos saudáveis e
sejamos agentes reconciliadores como a sábia Abigail.FONTE: personagem biblico blog